
1.
O
sol vai “fritar” a terra
Difícil
acreditar, mas, um dia, o Sol vai morrer. A má notícia é que a vida na Terra
como conhecemos hoje fatalmente vai acabar. Ou seja, a menos que a humanidade
evolua de alguma maneira inimaginável hoje ou que haja uma migração para um
planeta semelhante, os dias estão contados para nossa espécie. A boa notícia é
que essa conta ainda reserva um tempo considerável: o colapso só se iniciará em
1,5 bilhão de anos e vai demorar cerca de 7,5 bilhões de anos para a “morte” do
Astro-Rei. “O Sol já vem transformando o hidrogênio que está no seu núcleo em
hélio há 4,5 bilhões de anos. Este hidrogênio deve terminar em cerca de 1,5
bilhão de anos, e quando isso acontecer, o núcleo do Sol entrará em colapso,
aumentando de temperatura e fazendo as camadas exteriores se expandirem por um
fator de cerca de 100 vezes (o tamanho atual). Nesta época ele engolirá
Mercúrio e evaporará os oceanos da Terra. A vida no nosso planeta terminará”,
explica o professor do departamento de astronomia da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS), Kepler de Souza Oliveira Filho.
Depois
de se expandir, em um processo que pode até “engolir” a Terra – ou mandá-la
para órbita mais afastada -, o Sol vai queimar suas reservas de hélio e vai
perder massa e tamanho, até se resfriar e se reduzir ao que é chamado de Anã
Branca – daqui a 7,5 bilhões de anos. O que houver sobrado da Terra (se houver)
em nada lembrará o que vemos hoje – o que terá pouca importância, já que a
humanidade terá se extinguido muito antes.
2.
Choque
de meteoro: possibilidade real.
Quem já
assistiu a Armageddon, um clássico moderno dos filmes de catástrofe, já deve
ter se perguntado se existe mesmo a possibilidade de um meteoro atingir a Terra
e acabar com a vida por aqui. E a resposta para essa pergunta é sim.
"Existe a possibilidade de um meteoroide (corpo pequeno fora da Terra) ou
asteroide (corpo maior) se chocar com a Terra a qualquer hora", afirma o
professor de astronomia Kepler Oliveira Filho. A maior prova de que esse perigo
existe é que um evento parecido já aconteceu na historia de nosso planeta: os
dinossauros foram extintos por razões evolucionárias, mas sim devido ao impacto
de um asteroide com a Terra, que fez estrago comparável ao de bilhões de bombas
atômicas. Objetos menores já atingiram a Terra recentemente, como o caso que
aconteceu na Sibéria em 1908 – um cometa, ou possivelmente um asteroide, caiu
na região e gerou destruição em uma área de 2 mil km2. A Nasa afirma que pode
avisar com antecedência quando uma
dessas ameaças estiver no nosso caminho, mas Oliveira Filho tem dúvidas.
"Nem a Nasa, nem qualquer outra instituição conhece todos os meteoroides e
asteroides que orbitam o Sistema Solar e, portanto, não podem saber com
antecedência grande se um vai colidir com a Terra. Somente os muito grandes já
são conhecidos, e em alguns anos começará um mapeamento de todos os maiores que
100 m. Se um for detectado com muita antecedência, será possível enviar uma
nave para tentar deslocar sua órbita um pouco. Com antecedência, um pequeno
desvio é suficiente", diz.
3.
Radiação
fatal: a ameaça dos raios gama
Estrelas
maiores costumam morrer com uma gigantesca explosão conhecida como supernova,
que gera um grande e rápido movimento de partículas em grandes campos
magnéticos. A colisão dessas partículas com outras matérias cria os raios gama
- a mais enérgica forma da luz conhecida. Como existem estrelas que podem dar
origem aos raios gama na nossa região da galáxia, nada impede que essa
poderosíssima radiação atinja a Terra e extermine a vida por aqui. “É possível
que esses raios atinjam a Terra e não há nada a fazer”, diz o professor de
astronomia Kepler Oliveira Filho. Mas não há grande motivo para medo. O
professor explica que não conhecemos nenhuma estrela que tenha o eixo apontado
para nós e que esteja perto o suficiente para que isto aconteça nas próximas
centenas de anos
4.
Um
buraco negro pode engolir nosso planeta?
Em 2010,
o telescópio Hubble mostrou que o buraco negro supermassivo SMBH está deslocado
do centro de sua galáxia, conhecida como M87. Foi o que bastou para muita gente
acreditar que ele pode chegar até nós – e engolir a Terra. Buracos negros são
regiões do espaço que possuem um campo gravitacional tão forte que atraem tudo
o que está ao redor, até mesmo a luz – é como se uma estrela se tornasse tão
grande que não suportasse o próprio peso e sua massa entrasse em colapso, se
concentrando em um pequeno ponto. Apesar de os buracos negros possivelmente
terem capacidade de deslocamento dentro do universo, o professor de Kepler
Oliveira Filho não acredita que isso possa ameaçar a Terra. “Os buracos negros
têm atração gravitacional e, portanto, desviam as órbitas de asteróides e
planetas. E também podem ser detectados bem distantes", diz. Os
aficionados por conspirações de plantão discordam...
5.
Poeira
no espaço bloqueia a luz do sol
O
Cinturão de Kuiper é uma área que se estende desde a órbita de Netuno, a 30 UA
do Sol até 50 UA do Sol – cada Unidade Astrônômica (UA), equivale à distância
média entre a Terra e o Sol, 150 milhões de quilômetros. Ele consiste de
pequenos objetos remanescentes da formação do sistema solar. Enquanto cinturões
de asteróides são compostos primordialmente de rochas e metais, o cinturão de
Kuiper é formado em sua maioria por elementos voláteis congelados, como metano,
amonia e água. Esses corpos celestes podem colidir entre si, e um objeto
deslocado poderia vir na nossa direção. O professor de astronomia Oliveira
Filho explica que isso levaria algumas centenas de anos para acontecer (se
acontecesse), então teríamos tempo suficiente para fazer alguma coisa. Outro
problema, porém, é que especula-se esses objetos e a poeira causada por
colisões entre eles poderiam ser atraídos pelo Sol e entrariam em sua órbita,
bloqueando a luz e o calor de outros planetas. Mas o professor é taxativo
quanto a essa possibilidade: "Não é verdade".
6.
Explosão
em cadeia: energia incomensurável
Quer
tirar um cientista do sério? Diga para ele que o LHC, o Grande Colisor de
Hádrons, é uma "máquina do fim do mundo". Até mesmo Brian Cox,
possivelmente o físico mais popular do Reino Unido na atualidade, apresentador
de séries sobre ciência no canal público BBC, perdeu a paciência e saiu
soltando palavrões sobre quem diz que os experimentos com as micropartículas
são uma ameaça. Para os leigos aterrorizados com a possibilidade de um colapso
do vácuo quântico, em que uma terrível reação em cadeia liberaria uma
quantidade de energia incomensurável, capaz de destruir não só a Terra como até
mesmo o Sistema Solar, o professor Kepler Oliveira coloca os fatos sob
perspectiva. "A energia das partículas que estamos estudando é desprezível
comparada com qualquer colisão de dois automóveis que vemos todos os dias",
diz.
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